livros,
Resenha: O Grande Gatsby
Um clássico que critica, sutilmente, o
sonho americano e a ambição do homem, com uma pitada de romance.
Quando penso em livros clássicos, penso em palavras complicadas e leituras
cheias de consultas ao dicionário. A ausência disso foi um dos motivos pelo
qual O Grande Gatsby me surpreendeu. Fitzgerald escreve de modo fluido, te
prendendo e encantando já que, apesar disso, sua escrita é impressionante.
A obra se passa na década
de 20, tem aquele clima pós-guerra e retrata certos fatos da
época, como o contrabando de bebidas e o sucesso da bolsa de valores de NY
antes da sua quebra em 1929. É narrada por Nick
Carraway, que acabara de se mudar para uma casa numa ilha a leste de Nova
York com o objetivo de trabalhar como vendedor de títulos. Sua simples morada
se encontrava entre gigantescas mansões e, em meio a todas essas, havia a do
seu vizinho: Jay
Gatsby. O lugar era palco de festas extremamente luxuosas, recebendo as
mais diversas pessoas que nem sequer precisavam de convite para
participar.
“Havia música vinda da casa de meu vizinho nas noites
de verão. Em seus jardins azuis, rapazes e moças iam e vinham como traças,
entre sussurros, champanhe e estrelas. Na maré alta da tarde, eu observava seus
hóspedes mergulhando da torre de seu ancoradouro flutuante ou tomando banho de
sol eu sua praia particular, enquanto seus dois barcos a motor cortavam as
águas do Estreito, puxando esquiadores sobre cataratas de espuma.”
Apesar da pompa e popularidade de tais festas, Gatsby não participava delas.
Era um homem misterioso, que despertava as curiosidades das pessoas e era
motivo de fofoca, já que tivera um passado de pobreza e ninguém sabia
exatamente onde conseguira tanto dinheiro. Mas aí você se pergunta... Onde é
que Nick se encaixa nessa história toda? Bem, para começar a explicar devo
citar o dia em que o mesmo resolveu dirigir até o outro lado da baía – que
separava West Egg, onde morava, do local para onde ia: East Egg – pensando em
visitar sua prima Daisy. A
moça morava com seu marido Tom
Buchanan em uma
maravilhosa mansão, mas não parecia tão feliz como deveria.
Tudo começa a se encaixar e ficar mais interessante quando Nick recebe um
convite de Gatsby para ir a uma de suas festas, o que já é bastante estranho
levando em consideração o fato de que ninguém é convidado para seus eventos, as
pessoas simplesmente aparecem. Com o passar do tempo e com a ajuda de certos
personagens – Jordan
Baker, por exemplo, que conhecera na mansão dos Buchanan -, Carraway
descobre que Jay Gatsby e Daisy já se amaram no passado antes do mesmo ter que
deixá-la para servir na Primeira Guerra Mundial. Apesar disso, o cavalheiro
ainda guarda esperanças de que terá sua amada de volta.
Nick se vê em meio a um mundo em que a imagem que se passa é mais importante do
que se é realmente, o que acaba tornando o conto
bastante moderno. Todas as extravagâncias de Gatsby são, na verdade, um
modo do homem atrair sua amada, já que a mesma se casara com um milionário que
teria condições suficientes para sustentá-la, o que Jay não possuía na época em
que se conheceram. A sua história de amor é contada ao longo das páginas e vale
a pena conhecê-la assim, sem que eu a conte aqui.
Os personagens foram
muito bem elaborados, parecem até pessoas reais. Tom Buchanan é um homem
rude, infiel e que me desagradou logo de cara. Daisy me encantou quando
apareceu pela primeira vez na história, imaginei a mulher mais doce que podia,
mas ao longo do tempo percebi que ela não era corajosa como esperava e não
lutava pelo que realmente queria, o que me deixou decepcionada e me fez tirar uma estrela da
avaliação –
Desculpa? -. Nick é honesto, se arrepende por julgar certas pessoas e acaba
percebendo que Gatsby é um bom homem, cheio de mágoas e muito otimista.
O fim do livro é chocante, inesperado. Fiquei boquiaberta com a capacidade que
Fitzgerald teve de me surpreender e fugir totalmente do que eu pensava que
aconteceria. E isso foi ruim? Não exatamente. Foi tudo muito bem pensado e sua
mensagem foi passada de modo extraordinário: o mundo ambicioso em que vivemos
pode ser muito cruel e injusto, é preciso ter cuidado.
Algo que me decepcionou muito foi a edição que comprei. Sem
abrir, ela é lindíssima, capa dura e com luva – que, no meu caso, é igual à
capa por ser edição bilíngue -, mesmo não sendo muito fã de livros com a capa
do filme pra o qual foi adaptado, eu gostei dessa vez. Aí vem a parte ruim...
Achei que seria tudo muito bonito e enfeitado, mas as páginas são simples, sem
muitos detalhes– amareladas, pelo menos – e cheeeias
de erros de digitação. No fim de alguns períodos, engoliram pontos e até trocaram
“ele” por “ela” certas vezes, o que me confundiria se não estivesse prestando
atenção. Algumas palavras estão com letras trocadas, o que não interfere tanto,
mas me deixa decepcionada por saber que não prestaram atenção suficiente e
merecida à edição.
Recomendo muito a leitura pra qualquer pessoa, é um clássico, não? E
olha que ele nem tem cara de clássico, por ser tão fácil e gostoso de ler! Vai
lá e mergulha nesse mundo criado por Fitzgerald, porque você ainda tem muita
coisa pra descobrir na história. E, ah! Eu
assisti ao filme mais recente e farei um post aqui, em breve, falando o que
achei da adaptação.
Adoro Great Gatsby! Mas estou só enrolando pra ler mais coisas do Fitzgerald, é demais né?
ResponderExcluirMuito boa sua resenha ;D
Um beijo!
É bom demais! Li mais nada do Fitzgerald além d'O Grande Gatsby até agora também, ai ai HAUHAU Obrigada pelo elogio! <3
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