livros,
Resenha: Marina
“Sem nenhum motivo aparente, acabei fazendo
daquela amizade um segredo. Não tinha dito nada a respeito deles a ninguém, nem
mesmo a meu amigo JF. Em algumas semanas apenas, Germán e Marina tinham se
transformado em minha vida secreta e, a bem da verdade, na única vida que eu
desejava viver.”
Comprei esse livro graça ao pedido desesperado da minha amiga Francisca
- ♥ - que me dizia todos os
dias que era maravilhoso e valia muito a pena. Ela estava completamente certa e
não me arrependo de ter adquirido essa obra tão bem escrita e pensada.
Encontrei em um sebo enquanto passeava pela Bienal aqui da Bahia no ano passado
e não pensei duas vezes antes de comprar, principalmente pelo bom estado em que
o livro se encontra.
Estamos acompanhando o fim da década de 1970, Óscar Drai tem 15 anos e
vive em um internato na cidade de Barcelona. Impulsionado pelo tédio e solidão
que rondava o local, o garoto se via andando pelas ruas inspiradoras de onde
morava, explorando tudo por ali quando encontrava oportunidade.
“Aquele era meu momento favorito. Driblando o controle da portaria,
partia para explorar a cidade. Costumava voltar para o internato, ainda a tempo
de jantar, caminhando entre velhas ruas e avenidas enquanto anoitecia ao meu
redor. Naqueles longos passeios, experimentava uma sensação de liberdade
embriagante. Minha imaginação voava por cima dos edifícios e se erguia até o
céu. Por algumas horas, as ruas de Barcelona, o internato e o meu triste
dormitório no quarto andar sumiam. Por algumas horas, só com um par de moedas
no bolso, eu era o sujeito mais sortudo do universo.”
Em uma dessas suas fugas da realidade, o garoto acaba decidindo se
aventurar por um local que nunca havia percebido antes. Ele pensa duas vezes ao
se tocar que tudo ali parece abandonado, jogado ao vento, mas é chamado a
atenção por um felino de olhos amarelos brilhantes e chega à conclusão de que o
mesmo parecia ter um dono. Movido pela curiosidade e ignorando a aparência
sombria, Óscar resolve encarar ao perceber que o portão abrira com o seu toque.
Admirado com a voz angelical que ouvira, atreve-se a procurar de onde
vinha, mas é surpreendido por um vulto e acaba fugindo da mansão com fama de
ladrão ao roubar, por engano, um objeto valioso. Algum tempo após o fato,
considera-se culpado e o sentimento o faz sentir-se obrigado a voltar ao local
e devolver o que lhe foi retirado.
Como uma artimanha do destino, nosso personagem principal e narrador da
história – Óscar – acaba indo ao encontro de Marina, uma garota que descreve como
“uma visão que parecia roubada de um sonho”. Ao reparar nas coincidências que o levaram
ali, ele é apresentado ao pai da menina: Germán, um homem gentil e
incrivelmente alto.
Após perguntar se Óscar gosta de um mistério, Marina o convida para uma
aventura no dia seguinte. A partir daí, os dois se veem envolvidos em mistérios
a respeito da dama de preto que avistam ao passear por um cemitério,
acontecimentos macabros e um álbum de fotografias absurdamente estranho.
Eu fiquei completamente encantada com a escrita, criatividade e
originalidade do Zafón. As coisas acontecem no momento certo, e, quando você
acha que a história é somente aquilo que está ali, algo novo e sensacional é
acrescentado. A minha resenha contou o mínimo do mínimo sobre a história e, sinceramente,
não perca a oportunidade de decifrar todos os segredos por trás das tantas
personagens que ainda lhe serão apresentadas.
O livro tem um toque macabro e, ao longo, das páginas isso fica mais forte
e constante. Assassinatos, relacionamentos frustrados, inveja, criaturas
distorcidas e negócios: é tudo tão bem descrito que é difícil não imaginar cada
detalhe e se assombrar com cada um deles. A relação entre Óscar, Marina e seu
pai é bonita, sincera e cativante.
O fim é imprevisível, de quebrar o coração, mas, de certo modo,
necessário. Digamos que o livro tenha um quê de autobiografia, como disse na
resenha de O Oceano no Fim do Caminho. No início, por exemplo, Óscar já é bem
mais velho e relembra todos esses momentos que passara quando criança, fazendo
com que a história comece aí. Devo ressaltar que agora eu tô com uma vontade
imensa de visitar Barcelona, a cidade tão aclamada na obra e de Arquitetura
exemplar. Óscar sonha em ser um arquiteto, aliás! O que me fez gostar ainda
mais dele.
As páginas são amareladas, felizmente. <3
Eu recomendo forte e completamente a leitura de Marina. O próprio Carlos
Ruiz Zafón diz ser, provavelmente, seu livro favorito de todos que já escreveu.
Preciso dizer mais alguma coisa?
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