livros,
Resenha: Amanhã Você Vai Entender
“Ainda penso na carta que pediu que eu escrevesse. Isso
me incomoda, mesmo sabendo que você se foi, e que não tenho mais a quem
entregá-la. Às vezes a elaboro em minha cabeça, tentando delinear a história
que você queria que eu contasse sobre tudo o que aconteceu no outono e no
inverno passados. Tudo ainda está lá, como um filme a que posso assistir quando
quiser. Ou seja, nunca.”
Criei
interesse por esse livro após ler sua sinopse – que, aliás, até te convence que
pode ser uma boa história, mas nem perto do quanto realmente é - e me encantar
pela capa tão diferente e cujas cores combinam muito bem, então acabei
comprando na Bienal do Livro Bahia em 2013. Fiz a leitura em um dia e foi
maravilhoso, me impressionei com o desfecho e com o enredo baseado em toda uma
filosofia sobre o tempo e sua complexidade.
O
livro é narrado por Miranda Sinclair, uma garota de 12 anos que vive com sua
mãe em um apartamento na cidade de Nova York. Ela tem uma vida totalmente
comum, vai para a escola todos os dias e se diverte com seu melhor amigo e
vizinho: Sal. O curioso é que as primeiras páginas do livro são intrigantes,
parecem até um pouco deslocadas e colocadas no lugar errado, pois já te mostram
que algo de estranho aconteceria na vida da personagem principal. Ou seja, o
mistério começa desde aí.
Enquanto
Miranda caminhava com seu melhor amigo de volta da escola para casa, algo
completamente estranho e aleatório acontece: um garoto afasta-se do grupo com o
qual conversava e atinge Sal com um soco na barriga e no rosto sem motivo
algum, depois se retira. É desse dia em diante que tudo começa a mudar e sua
amizade com o garoto esfria, já que ele se recusa a falar com ela novamente, o
que a deixa muito confusa. Por que Sal teria se afastado dela por algo que não
foi sua culpa?
Além
disso, algumas coisas pessoais de Miranda e sua família começam a sumir, bilhetes suspeitos cujo remetente sabe detalhes sobre a rotina e a vida da garota
começam a aparecer nos lugares mais inesperados falando sobre alguém que ela
deve salvar, sobre viagens e coisas extremamente estranhas. O mais inquietante é o fato de que os tais bilhetes parecem ter sido escritos por alguém capaz de
prever o futuro e que pede para Miranda escrever cartas de volta contando sua história
e as entregue no momento certo. Mas que momento é esse? De quem são esses bilhetes?
Nós
nos vemos rodeados de mistérios nesse livro e a curiosidade em saber o desfecho
de tudo isso nos impede de fechá-lo antes da última página. A autora escreve de
modo muito tranquilo e torna a leitura mais prazerosa, sem muitas complicações.
Os capítulos são curtos, as páginas são amareladas e a fonte é até grande. Tem
uma ótima diagramação e essa edição é muito bonita, principalmente pela capa.
Os títulos dos capítulos são muito interessantes, porque têm um padrão:
praticamente todos eles se iniciam com a frase “coisas que”. Isso é inspirado
no programa televisivo de perguntas e respostas pro qual a mãe de Miranda está
se preparando durante a história.
Devo
ressaltar que todos os personagens são importantes, então preste muita atenção
em cada um deles e não deixe os detalhes passarem. Miranda é mais madura do que
a maioria das meninas de sua idade, tanto que eu não lembrava que ela tinha 12
anos e me surpreendi ao fazê-lo. Não me apeguei exatamente aos personagens, mas
achei que foram bem caracterizados e produzidos.
Achei
a resolução do mistério inteligentíssima e até me surpreendi, porque não
esperava por esse desfecho. É muito bom descobrir tudo aos poucos com a
personagem. Amo como a autora fala do tempo, sua complexidade e um pouco de
Filosofia. É algo tão interessante e nos faz questionar tanta coisa ao nosso
redor, até confunde um pouco a cabeça – acho isso muito prazeroso, tem aquele
gostinho de “isso é tão louco que ainda não absorvi” – e nos leva a reler as
frases.
“Mamãe diz que todos nós temos um véu que nos separa
do resto do mundo, como o que as noivas usam no dia do casamento. Só que esse é
invisível. Andamos felizes com um véu invisível no rosto. O mundo fica um pouco
borrado, mas gostamos dele assim.”
“- Acho
que o tempo é como isto – disse, segurando no alto o anel, que era dourado, todo
cravejado de...
- São
diamantes? – perguntei.
- São brilhantes. – Ela deu de ombros – Veja. É como
se cada momento do tempo fosse um brilhante do anel. Imagine um anel realmente
grande, todo contornado com brilhantes. Cada brilhante seria um momento.
Entendeu?”
A
resenha ficou mais curta dessa vez, porque não posso dar muitos detalhes, ou
acabaria com o mistério do livro. Falei de poucos personagens, mas foi
proposital, lendo você perceberá que existe uma boa quantidade e todos acabam
sendo importantes. Eu recomendo muito,
para qualquer pessoa. E não venha me falar que não tem tempo pra isso, você
pode ler um pouquinho todos os dias e acabar super rápido. Vale muito a pena!
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