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Resenha: Coração de Tinta

20:31 Isabela Libório 0

O efeito exagerado foi proposital, achei que combinou com a história. ^-^

  Lembro de ter ido ao cinema com minha família assistir a Coração de Tinta há muitos anos e ter gostado muito do filme. Na época, eu já era louca por livros e me identifiquei com os personagens por causa disso, além de ter achado a história super original. Descobri muito tempo depois que o filme é baseado em uma trilogia escrita por Cornelia Funke chamada Mundo de Tinta, então fiquei muito curiosa e resolvi descobrir como tudo aquilo foi escrito. Achei o livro maravilhoso e bem diferente do filme por ter uma história bem mais completa, cenários muito mais detalhados, bonitos e um estilo mágico, encantador. Gostaria de ter lido sem saber os segredos, porque a leitura seria ainda mais prazerosa, mas não me arrependi nadinha.

  Meggie vive com o seu pai Mortimer – Mo -, um homem que tem como trabalho restaurar livros e deixá-los com uma cara nova – não é a toa que é chamado de “médico dos livros” – e, por causa disso, eles fazem muitas viagens. A garota nunca mais viu a mãe desde os 3 anos de idade e suas lembranças da mesma se resumem a fotografias. Ela não sabe exatamente o motivo desse desaparecimento, mas também não se questiona muito. Os dois são completamente apaixonados por histórias e estão sempre mergulhando em mundos diferentes através de suas leituras. Apesar disso, Mo nunca lê em voz alta para a filha.

“Havia livros espalhados por toda a casa. Eles não ficavam apenas nas estantes, como na casa das outras pessoas. Não, ali eles se empilhavam debaixo das mesas, em cima das cadeiras, nos cantos dos quartos. Havia livros na cozinha e no banheiro, em cima da televisão e dentro do guarda-roupa, pilhas pequenas, pilhas altas, livros grossos e finos, velhos e novos... livros.”

Meggie herdara do pai a paixão pelos livros. Quando ela tinha um sonho ruim e ia se refugiar junto dele, não havia nada melhor para fazê-la adormecer do que a respiração calma de Mo ao seu lado virando as páginas de um livro. Nada espantava mais rápido os sonhos ruins do que o barulho das folhas impressas."

  É através de uma visita inesperada numa certa noite e de uma espiada pela porta pra ouvir a conversa que tudo começa a ser revelado para Meggie. O homem misterioso tinha cicatrizes no rosto e estava encharcado por conta da chuva lá fora, seu nome era Dedo Empoeirado e ele trazia um pedido para Mo, além de alertá-lo do perigo pelo qual passava: Capricórnio, um líder de um bando frio e sem coração estava atrás de Mortimer para utilizar das habilidades do mesmo em benefício próprio. E que habilidades eram essas? Bem, ele conseguia dar vida às palavras. Quando lia um livro em voz alta, Mo podia trazer personagens da história para a vida real e, consequentemente, mandar pessoas reais aleatórias para dentro dessas obras – por isso, muitos o chamam de Língua Encantada -. Dedo Empoeirado e Capricórnio são personagens de um mesmo livro lido em voz alta por Mortimer: “Coração de Tinta”. (calma, isso não é um spoiler!)


“E Mo começou a preencher o silêncio com as palavras. Ele as atraía para fora das páginas, como se elas estivessem esperando apenas por sua voz – palavras longas e breves, altivas e ternas, ronronantes, rumorejantes. Elas dançavam pelo quarto, pintavam imagens de vidro colorido e faziam cócegas na pele.”

  Sabendo do perigo pelo qual estava passando, Mo resolve fugir para a casa de Elinor, uma tia de sua esposa colecionadora de muitos livros, e leva Meggie e Dedo Empoeirado na aventura. O esconderijo acaba não sendo muito eficaz e Mortimer é levado pelos homens de Capricórnio. Mas Meggie não suporta a ideia de fazerem mal ao seu precioso pai, então decide ir atrás dele com a ajuda de Elinor e Dedo Empoeirado.
  Esse livro me agradou muito em tantos sentidos! O modo de escrever da autora é tão bonito, natural e até meio poético. A história é super original, imprevisível e encantadora! Eu já sabia dos segredos por já ter visto o filme, então é claro que a leitura teria sido ainda mais prazerosa se eu descobrisse com o tempo, mas não deixei de aproveitar. É delicioso ler um livro que fala de, nada mais nada menos, do que os próprios livros.

  Os personagens são extremamente bem construídos. Tanto que, quando imagino situações e tento pensar em qual seria a reação de um deles diante disso, eu consigo! Ou seja, é como se fossem pessoas reais. Meggie tem 12 anos e é inspiradora, corajosa, não deixando de ser inocente. O amor da garota por seu pai é muito bonito e nós realmente conseguimos sentir esse afeto. Ela é uma apaixonada por livros como eu, faz deles seu refúgio e fonte de prazer.

“(...) Meggie possuía muitos livros prediletos. E, a cada nova viagem para um lugar diferente, um novo se juntava aos antigos. ‘Quando você leva um livro numa viagem’ dissera Mo quando ela pôs o primeiro no baú, ‘acontece uma coisa estranha: o livro começa a colecionar lembranças. Depois basta abri-lo, e você já está de novo no lugar onde o leu. Tudo volta, já nas primeiras palavras: as imagens, os cheiros, o sorvete que você tomou enquanto lia...Acredite, os livros são como papel pega-moscas. Não existe nada melhor para grudar lembranças do que páginas impressas.’”

  Logo no início, quando conhecemos Elinor, achamos que ela é uma personagem descartável e bem chatinha. Depois, percebemos a grande importância dela na história e como parece amadurecer ao passar das páginas, o que nos faz criar certo afeto pela mesma. Fiquei com uma vontade enorme de visitar a casa dela e seu enorme acervo de livros, nossa! Mortimer já é um personagem que não me conquistou tanto assim, apesar de gostar dele. É, também, corajoso e decidido como sua filha, só que mais realista e passa uma impressão de seriedade. Dedo Empoeirado é um dos meus preferidos, ele se mostra muito dedicado àqueles que ama e faz um papel muito importante. Os vilões da história são, realmente, repugnantes – com destaque para o detestável líder Capricórnio -. Achei que Basta – um dos homens do bando – foi o mais bem construído dos vilões e você acaba sentindo um pouco de compaixão por ele em certos momentos.


  A capa é lindíssima e, aliás, foi feita pela própria Cornelia Funke! Na verdade, o livro é encantador por fora, por dentro e na história em si. As páginas são amareladas, com algumas ilustrações e, algo muito interessante: os capítulos são sempre iniciados com um trecho de um outro livro e, esse tal trecho, tem tudo a ver com o que acontece naquele momento da história. Não é sensacional? Me deu até vontade de anotar todos os livros citados e colocar na minha lista de “leituras desejadas”, acho que farei isso!

 Fiquei feliz quando vi essa citação d'O Senhor dos Aneis! 


Estou ansiosa pra continuar a trilogia, espero não me decepcionar! Recomendo a leitura de Coração de Tinta pra todo mundo, principalmente os amantes de livros. 

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