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Resenha: Resposta Certa

11:18 Isabela Libório 0


“Há certas coisas que a gente espera de um homem aos 19 anos. Por exemplo, supõe-se que, aos 19, eu já tivesse viajado de avião, dirigido uma motocicleta, um carro, marcado um gol ou conseguido fumar um cigarro. Aos 19, Mozart já tinha composto sinfonias e óperas, tocado para os reis e rainhas da Europa. Keats já havia escrito Endymion. Até Kate Bush já tinha gravado seus dois primeiros álbuns em estúdio, enquanto eu nunca experimentei milho-verde enlatado.”


  David Nicholls, na verdade, nunca foi um autor que me chamou muito a atenção. Conheço seu trabalho por conta de Um Dia, mas nunca li o livro, só vi o filme e... devo dizer que não curti muito. Comecei a leitura de Resposta Certa sem ter ideia do que se tratava, mas só tinha ouvido comentários positivos sobre a história até então. Aliás, essa foi a minha primeira leitura de 2015!
  Esquisitão, rosto pipocado de espinhas, inteligente e sem muito jeito para socializar. Assim é Brian Jackson, que está prestes a entrar na faculdade e imagina que a sua vida vai virar de cabeça pra baixo – no melhor sentido – quando se tornar, oficialmente, um universitário. Apesar de, ao contrário do que pensava, tudo continuar na mesmice de sempre, ele tem a chance de participar do Desafio Universitário, um programa de perguntas e respostas que sempre acompanhava com seu pai quando menor e do qual sonha fazer parte.

  Como a maioria dos adolescentes, Brian acaba tendo uma quedinha pela popular e linda da faculdade: Alice Harbinson, também interessada em fazer parte do Desafio. Mas conseguir impressionar a garota não é tarefa fácil, e ele resolve conquistar a mesma de qualquer jeito. É aí que ele precisa lidar com sua aparência, falta de charme, problemas entre os colegas, preparações para o Desafio e com o fato de que sua mãe – viúva - passa a morar sozinha em casa depois de sua saída.


  Em primeiro lugar, a escrita de David Nicholls me impressionou. Ele conseguiu fazer com que tudo parecesse natural, como se tivesse vivenciado tudo aquilo no lugar de Brian. Além disso, as frases são cheias de ironia e bom humor. Bem, apesar de tudo, a leitura não fluiu exatamente pra mim, demorei um pouco pra pegar o ritmo e ler até o fim. Ao mesmo tempo que dei muita risada – cheguei a chorar de rir em algumas cenas -, a história tem um quê melancólico, solitário, exatamente porque é assim que o personagem se sente na maioria das vezes.

  Não cheguei a mencionar acima, mas o livro se passa nos anos 80 e isso é bem interessante, é legal perceber a diferença dos jovens dessa época pros jovens de hoje – que não são poucas! -. Brian é daquele tipo de pessoa que faz piada com tudo, o que pode acabar sendo irritante, mas o autor não passou do ponto e o humor, pra mim, foi a melhor parte da leitura. Encontramos muitas referências a músicas também, quem me conhece sabe o quanto eu gosto disso.

“A primeira coisa que faço é instalar o som e tocar Never for Ever, o triunfal terceiro álbum de Kate Bush. O resto das fitas são empilhadas ao lado do toca-discos, e acontece um pequeno debate interno sobre qual álbum deve ficar virado para o quarto; tento Revolver, dos Beatles, Blue, de Joni Mitchell, Diana Ross and the Supremes e Ella Fitzgerald antes de escolher o Concertos de Brandenburgo, de Bach, novinho, da gravadora Music for Pleasure, uma pechincha de 2,49 libras.”


  Brian não me chamou tanto a atenção - a não ser por sua mania de fazer piadas o tempo todo -, ele me irritou por conta de atitudes tomadas sem pensar direito, mas ficou naquela coisa: “não fede, nem cheira”. Não fui muito atraída pelos personagens, acabei me apegando a nenhum deles. Rebecca, pelo que me lembro, conseguiu que eu gostasse dela pelo menos um pouco, por ser sincera e parecer estar ao lado de Brian apesar de sua atitude meio bruta.

  Cada capítulo de Resposta Certa é iniciado com uma pergunta e sua resposta, o que faz referência ao Desafio Universitário. Apesar de ter sido um livro cujo objetivo não ficou muito claro pra mim, consegui aprender algumas coisas por conta da quantidade de vezes em que Brian treinou para o Desafio respondendo algumas questões.


Foi uma leitura divertida, nada de extraordinário ou inesquecível, mas eu curti sim e as risadas foram inevitáveis. Recomendo que leiam, mas sem muita expectativa. Você já leu? Se sim, o que achou? E, se não, o livro já estava na sua lista?

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