livros,

Resenha: A Sombra do Vento

19:28 Isabela Libório 0


“- E então, o que você vai me mostrar hoje que eu ainda não vi?
- Muitas coisas. Na verdade, o que vou lhe mostrar faz parte de 
uma história. Você não disse no outro dia que o que gostava era de ler?
Bea assentiu, arqueando as sobrancelhas.
- Pois bem, esta é uma história de livros.
- De livros?
- De livros malditos, do homem que os escreveu, de um personagem que fugiu das páginas de um romance para queimá-lo, de uma traição e de uma amizade perdida. É uma história de amor, de ódio e dos sonhos que moram na sombra do vento.”

 Depois de ter uma experiência com Zafón pela primeira vez lendo Marina – clique aqui para ver a resenha -, me apaixonei completamente por seu modo de escrever e ainda pretendo ler todos os livros do autor. A Sombra do Vento faz parte de uma trilogia chamada O Cemitério dos Livros Esquecidos, o mesmo é o primeiro da série, mas os livros podem ser lidos na ordem em que você bem entender. Intenso e muito bem pensado, A Sombra do Vento continua martelando na minha cabeça até hoje.
A história

 Daniel Sempere vive na cidade de Barcelona com seu pai e é na noite de seu aniversário de 11 anos, lá em 1945, que o garoto acorda desesperado por não conseguir lembrar do rosto da sua falecida mãe. Nessa mesma madrugada, para aliviar o sentimento de Daniel, seu pai resolve levá-lo ao local que, finalmente, o garoto estava preparado para conhecer: O Cemitério dos Livros Esquecidos.

“- (...) Quando uma biblioteca desaparece, quando uma livraria fecha as suas portas, quando um livro se perde no esquecimento, nós, guardiões, os que conhecemos este lugar, garantimos que ele venha para cá. Neste lugar, os livros dos quais ninguém se lembra, os livros que se perderam no tempo, viverão para sempre, esperando chegar algum dia às mãos de um novo leitor, de um novo espírito. (...)”

 O pai de Daniel lhe sugere que escolha um livro naquele lugar que mais parece um labirinto, é isso que o garoto faz e um livro em específico lhe chama muito a atenção: A Sombra do Vento, de um tal Julián Carax.

 O garoto acaba ficando imensamente interessado pela vida do autor e suas outras obras, principalmente quando acaba descobrindo que aquele exemplar d’A Sombra do Vento na sua mão pode ser único, já que alguém anda atrás de todos os livros do autor para dar fim nos mesmos.

 A cidade de Barcelona torna-se, então, palco dos muitos momentos intensos pelos quais Daniel acabará passando durante muitos anos por conta dessa sua obsessão por Julián Carax e sua vida tão cheia de mistérios. Mistérios esses que podem por a vida do menino em grande risco, virando tudo de cabeça pra baixo.

Minha opinião

 Claro que vou começar dizendo que Zafón é um mestre da escrita. É impressionante como ele consegue juntar as palavras de modo extremamente poético sem fazer algo forçado ou complexo demais, é incrível e eu invejo – odeio essa palavra, mas vocês entenderam – essa capacidade. O enredo é, sim, sensacional e é linda a homenagem que o autor faz aos livros e seus leitores apaixonados, mas, em certos momentos, achei a história um pouco lenta e acabava desejando que tudo se resolvesse logo.

 O mistério criado deixa a gente MUITO curioso pra saber a verdade em tudo aquilo, quem está por trás do sumiço dos livros e no que aquilo tudo vai dar. Além de que, como eu sempre falo, Zafón tem um talento enorme para criar cenas bizarras de modo sutil, sem apelar, sabe? Digamos que o terror criado por ele é de qualidade, pelo menos na minha opinião, haha. Eu sou bem bobona e fico com medo facilmente, mas realmente me arrepiava com algumas coisas e pensava nelas antes de dormir, porém, o “terror” não é o foco principal, e sim os mistérios.

 Não me apeguei demais aos personagens, mas fiquei chocada e com borboletas no estômago inúmeras vezes, acompanhamos o crescimento e amadurecimento de Daniel em muitos sentidos e isso é bem interessante. Fermín acabou tornando-se um dos meus favoritos no livro e a amizade dele com Daniel é bem bonita, bem construída. A história de Julián Carax é impressionante de tão bem feita, parece real por ser muito detalhada e achei que foi o ponto mais forte do livro – além da escrita de Zafón -.


 E, ah... Barcelona. Depois que comecei a ler Zafón, a minha vontade de conhecer essa cidade espanhola surgiu e, quando comecei o curso de Arquitetura e percebi que ela é uma cidade muito citada e apreciada nas aulas, minha vontade aumentou fortemente e fico sonhando com uma visita enquanto leio seus livros.

 Demorei um pouco mais do que imaginei para terminar a leitura, mas tenho motivos: o livro é denso, cheio de personagens, algumas cenas pesadas, muita história e muita descoberta – pode não ter taaantas páginas assim, porém, a fonte é bem pequena -, as coisas demoraram um pouco demais pra se resolver. A Sombra do Vento teve, sim, um bom desfecho, mas eu imaginava algo mais diferente e algumas revelações mais impactantes do que realmente foram. Imaginei que acabaria se tornando o meu favorito de Zafón, infelizmente isso não aconteceu e Marina continua nessa posição.

 A capa do livro se encaixa bem no clima da história, só não chama tanto a atenção quanto poderia. As páginas são amareladas, o que é um alívio e não tive problemas com a fonte ou correção, pelo menos nada de que me recorde.

Mais um livro do Zafón que recomendo, esse cara entende mesmo do assunto! Pretendo ler os outros da trilogia e fazer uma resenha aqui no blog também e, sim, estou bem ansiosa pra saber o que acontece nos mesmos.

“- Este lugar é um mistério, Daniel, um santuário. Cada livro, cada volume que você vê, tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece. (...)”

Mais resenhas de Livros do Zafón no blog:

  

0 comentários:

Comente para que eu possa saber se gostou ou o que devo melhorar! Dê sua opinião sobre o assunto falado também, se quiser. Sinta-se à vontade. ^-^