jorge amado,

Resenha: A Morte e a Morte de Quincas Berro d'Água

19:49 Isabela Libório 0


“Não sei se esse mistério da morte (ou das sucessivas mortes) de Quincas Berro d’Água pode ser completamente decifrado. Mas eu o tentarei, como ele próprio aconselhava, pois o importante é tentar, mesmo o impossível.”

 Não, eu não errei o título e acabei repetindo palavras. Nesse livro há realmente um personagem que, digamos, morre duas vezes. Li essa obra de Jorge Amado no colégio e até tive que fazer um curta baseado nele junto com alguns colegas – foi bem divertido, aliás -, lembro bem de ter adorado o livro e só gostei mais ainda agora que reli. Esse é o primeiro post do especial que resolvi fazer esse mês em comemoração ao aniversário do Jorge Amado e espero que gostem! Aceito sugestões, viu?
A história

 Joaquim Soares da Cunha é um homem de respeito, boa família, daqueles que andam de paletó. Bem, na verdade ele era um tipo desses até os 50 anos, quando se tornou o famoso e boêmio Quincas Berro d’Água. Foi nessa idade que o homem resolveu abandonar a família, a casa onde morava e vagar pela cidade, bebendo de bar em bar. Ele realmente estava cansado da vida que possuía e foi embora após chamar a esposa e a filha de “jararacas”.


 E então, a partir daí, para sociedade e para as duas, Joaquim estava morto, mas suas mortes não acabam por aí.

“Até hoje permanece certa confusão em torno da morte de Quincas Berro d’Água. Dúvidas por explicar, detalhes absurdos, contradições no depoimento das testemunhas, lacunas diversas. Não há clareza sobre hora, local e frase derradeira.”
Minha opinião

 O livro é tão curtinho e tão divertido que resolvi falar praticamente nada sobre, nem mesmo o que já aparece logo nas primeiras páginas. Acho que uma das coisas mais divertidas dessa história é descobrir que benditas “duas mortes” são essas e não queria dar muitos “spoilers” sobre isso. Jorge Amado conseguiu me fazer rir diversas vezes e pensar “que viagem, tô adorando isso!”, é realmente uma leitura deliciosa.

 Como já disse, o livro tem pouquíssimas páginas – 92 de história, as outras de informações extras – e a fonte é bem grande, isso se dá pelo fato de que A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água é um conto que foi publicado em uma revista lá em 1959. Além disso, Quincas é baseado em uma pessoa real, sobre cuja história Jorge Amado ouviu e inspirou-se a escrever.

 Eu adoro como o autor mistura um pouco de fantasia numa história que tem cara de realista, como ele deixa a gente tentando entender se algumas das situações realmente aconteceram ou se eram somente coisa das cabeças dos amigos de Quincas, quando bêbados. Ele ainda faz uma crítica à sociedade e à mania que as pessoas têm de querer esconder seus defeitos e fingir que eles não existem, toda essa boba obsessão com as aparências.

O que dizer dessas edições especiais da coleção do Jorge Amado que a Companhia das Letras fez? São liiindas e todas têm cores diferentes, combinam na estante e têm uma estampa de flores no fundo.

 Como a história se passa, também, em Salvador, eu consegui reconhecer e imaginar os lugares citados e isso torna a leitura ainda mais prazerosa. Nada como se sentir mais próxima do livro ao perceber que ele se passa na cidade onde você mora, adoro essa sensação.

 Ainda tem essa coisa das “duas mortes”, eu, pelo menos, nunca tinha visto algo do tipo. Acho tão inteligente considerar essa mudança de Joaquim uma “morte” em certo sentido, a gente termina o livro e ainda fica se perguntando sobre qual seria a real segunda morte. Eu recomendo demais, de verdade, o livro me fez gargalhar e dá pra ler MUITO rapidinho. Apesar do tema e das críticas, considero uma história leve e gostosa pra passar o tempo, já que tem todo esse toque de comédia.

Uma das páginas dos extras com algumas capas publicadas - até em outras línguas - do livro.

E você? Já leu essa obra incrível? Me conta nos comentários! 



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