livros,

Resenha: Coraline

19:31 Isabela Libório 0


 “’I’ll read the leaves if you want,’ said Miss Spink to Coraline.
‘Sorry?’ said Coraline.
‘The tea leaves, dear. I’ll read your future.’
Coraline passed Miss Spink her cup. Miss Spink peered shortsightedly at the black tea leaves in the bottom. She pursed her lips.
‘You know, Coraline,’ she said, after a while, ‘you’re in terrible danger.”*

 Coraline já fazia parte da minha lista de animações favoritas há um bom tempo e, quando descobri que era baseada em um livro, surgiu a vontade de ler a versão original. O tempo foi passando e, desde que li algo do Neil Gaiman pela primeira vez – no ano passado -, me convenci de que estava na hora de comprar o livro, sem enrolação. Demorei, mas encontrei a versão em inglês na Livraria Cultura e não resisti, apesar de que queria uma edição maravilhosa de capa dura. O livro me deixou ainda mais encantada e essa história fantástica não sai mais da minha cabeça, se tornou um favorito.
A história
 Coraline Jones havia acabado de se mudar, com seus pais, para uma casa muito velha e muito grande. Tão grande que era dividida em quatro “apartamentos”, dois deles – além daquele adquirido pela família da menina - estavam ocupados: um, por duas senhoras que já haviam sido atrizes e, agora, moravam rodeadas de cachorros. O outro, por um senhor meio louco que dizia estar adestrando um circo de ratos. Todos eles chamavam Coraline de “Caroline” e ela não gostava um pouquinho sequer disso.

 Os pais da garota não eram lá muito presentes, estavam sempre ocupados trabalhando em seus computadores e ela acabava ficando entediada. Depois de ler todos os seus livros, ver todos os programas de televisão possíveis, Coraline – por sugestão de seu pai – resolveu explorar a casa. Foi aí que ela encontrou, em um dos quartos, uma porta que dava para uma parede de tijolos.

“Her mother was right. The door didn’t go anywhere. It opened onto a brick wall.
‘When this place was just one house,’ said Coraline’s mother, ‘that door went somewhere. When they turned the house into flats, they simply bricked it up. The other side is the empty flat on the other side of the house, the one that’s still for sale.’
She shut the door and put the string of keys back on top of the kitchen doorframe.
‘You didn’t lock it.’, said Coraline.
Her mother shrugged. ‘Why should I lock it?’ she asked. ‘It doesn’t go anywhere.’

Coraline didn’t say anything.”**


 Aproveitando um dia em que sua mãe não estava em casa e intrigada com a tal porta, Coraline resolveu abri-la de novo. Mas, dessa vez, a parede de tijolos havia sumido e a menina deu de cara com um corredor escuro, que terminava num lugar idêntico ao que estava morando agora. Aos poucos, ela percebeu a diferença: tudo parecia perfeito demais por ali. A comida era maravilhosa, as pessoas não a chamavam de “Caroline” e seus pais eram os mais atenciosos possíveis. Bem, o mais estranho era o fato de que eles possuíam botões pretos no lugar dos olhos e pareciam querer um pouco mais do que, simplesmente, agradá-la.

Minha opinião
 Mais uma vez, Neil Gaiman não me decepcionou. Esse foi o terceiro livro que li dele – além dos três livros, já li uma graphic novel e dois contos – e ainda pretendo ler todos lançados, porque esse autor é incrível. Ele mostrou, novamente, ter talento para criar histórias originais e com um terror digno, bem pensado – sabe o que eu sempre falo sobre o terror do Carlos Ruiz Zafón? Pois é, Neil Gaiman possui esse mesmo estilo de terror na medida certa -.

 O enredo me conquistou completamente. De novo, fiquei pensando: “por que não tive essa ideia antes?”. Tem toda aquela atmosfera fantasiosa, de mundos paralelos, sabe? Eu adoro esse tipo de coisa, sem contar com o terror inteligente. Não sou fã de filmes desse gênero, mas gosto de livros assim, principalmente quando se trata do Neil Gaiman como escritor.

Coraline é uma personagem incrível, extremamente corajosa e fiel àqueles que ama, ela se tornou uma favorita na minha lista. Aprendi muito sobre coragem com ela e já vi que esse livro vai ser tipo Pollyanna na minha vida: sempre que passar por alguma situação difícil, vou pensar em como Coraline lidaria com isso. Uma das coisas que mais me marcou, foi como o medo é tratado como algo importante na história. O pai da garota a ensinou - e me ensinou também, nunca vou esquecer isso – que ter coragem é fazer algo de que você tem medo, não fazer esse algo sem medo algum.

 Todos os personagens são bem caracterizados, o que faz você lembrar de cada um deles. O gato falante que Coraline acaba conhecendo é bem importante pra história também, além de muitos outros bem peculiares que ela acaba conhecendo durante sua jornada.


 A minha edição não é exatamente como eu queria, mas ainda pretendo comprar uma de capa dura. A que tenho é sem orelhas – paperback – e tem aquele papel que lembra jornal, por isso o livro é muito leve. O que gostei dessa edição foi o Q&A com Neil Gaiman e algumas informações especiais, por ser uma comemoração aos 10 anos da história. Não posso esquecer das ilustrações de Dave McKean, elas colaboraram demais pra deixar a história ainda mais bizarra.


Duas fotos parecidas só pra vocês repararem que, quando bate luz na capa, aparecem 
algumas mãos e achei isso sensacional. Tem isso na capa inteira, mas mostrei só uma parte:


 Esse livro foi pensado, na verdade, para crianças. Mas eu recomendo, imensamente, a qualquer pessoa de qualquer idade. É uma leitura inesquecível.

A adaptação

 Em 2009, um filme de Coraline foi lançado com direção de Henry Selick. Vi o filme há alguns anos e fiquei muito encantada, acho o estilo dele incrível, é tudo muito bonito e, claro, bizarro. Adoro como a Coraline é, fisicamente, um dia ainda terei uma bonequinha dela, hehe. Serei breve, mas é diferente do livro em algumas coisas: tem um personagem a mais, algumas cenas que não existem no livro e vice-e-versa, o final não é igual... Mas amo ambos, sendo que o livro me agradou ainda mais.

“’Because,’ she said, ‘when you’re scared but you still 
do it anyway, that’s brave.’”***

Traduções aproximadas:
*"'Eu leio as folhas, se você quiser.', disse Senhora Spink para Coraline.
'Desculpe?' disse Coraline.
'As folhas de chá, querida. Eu lerei seu futuro.'
Coraline passou sua xícara para Miss Spink. Miss Spink examinou as folhas do chá preto no fundo. Ela franziu os lábios. 
'Você sabe, Coraline,' ela disse, depois de um tempo, 'você está em extremo perigo.'"
**"Sua mãe estava certa. A porta não dava em lugar algum. Abria para uma parede de tijolos.
'Quando este lugar era só uma casa,' disse a mãe de Coraline, 'essa porta dava em algum lugar. Quando eles dividiram a casa, ele simplesmente a fecharam com tijolos. O outro lado é o apartamento vazio do outro lado da casa, o que ainda está à venda.'
Ela fechou a porta e colocou o molho de chaves de volta acima da moldura da porta.
'Você não trancou.', disse Coraline.
Sua mãe encolheu os ombros. 'Por que deveria trancar?' ela perguntou. 'Não dá em lugar algum.' 
Coraline não disse coisa alguma."
*** "'Porque,' ela disse, 'quando você está com medo, mas ainda faz do mesmo jeito, isso sim é ser corajoso."

Ei! Não esquece que seu comentário é muito importante, viu? É uma forma de saber o que mais agrada - ou não - quem lê o blog, além de que adoro saber as opiniões de quem visita sobre o assunto falado. 

0 comentários:

Comente para que eu possa saber se gostou ou o que devo melhorar! Dê sua opinião sobre o assunto falado também, se quiser. Sinta-se à vontade. ^-^