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Resenha: O País do Carnaval #AmandoJorge
Primeiro, uma breve introdução: perdão pelo sumiço no blog. Tava num dilema, desanimada e agora me embolei toda com a faculdade e me atolei de trabalhos, foi por isso. Mas pretendo voltar aos poucos!
“Garotos passavam, apregoando os jornais da tarde: ‘ Noite, olha o Globo, Diário...’ ‘Diário, Noite, Globo.’ ‘O discurso do deputado Francis Ribeiro. A campanha presidencial. O Carnaval que vem aí... O Carnaval... Noite...’
“Garotos passavam, apregoando os jornais da tarde: ‘ Noite, olha o Globo, Diário...’ ‘Diário, Noite, Globo.’ ‘O discurso do deputado Francis Ribeiro. A campanha presidencial. O Carnaval que vem aí... O Carnaval... Noite...’
Na rua a multidão
acotovelava-se numa grande alegria. Entulhava as casas de negócios comprando
fazendas e enfeites. Era o Carnaval que se aproximava.
Rigger disse:
- O Brasil é o país
do carnaval.
José Augusto
acrescentou:
- E dos grandes homens! E dos grandes homens...”
Primeiríssimo
post oficial do #AmandoJorge aqui no blog e espero que vocês estejam tão
animados quanto eu! O País do Carnaval foi o primeiro livro escolhido
exatamente por ter sido o primeiro de Jorge Amado, escrito aos seus 18 anos,
cuja primeira edição foi publicada em 1931.
Eu
não sabia o que esperar dessa leitura, exatamente por não saber do que o livro
se tratava, mas gostei muito da obra e foi mais um motivo para considerar Jorge
um dos meus autores favoritos. Como ele disse: “Esse livro é um grito. Quase um
pedido de socorro”.
A história
Era
1931 e Paulo Rigger estava de volta ao Brasil, seu país de origem, depois de
sete anos morando na Europa e estudando Direito. Ele foi recebido de volta com
as multidões e efervescência do Carnaval, o que só colaborou com sua estranheza
ao voltar ao seu país e não encontrar-se mais ali.
“Paulo Rigger andava
na rua, ao léu. Sentia-se um estranho na sua pátria. Achava tudo diferente... Se
aquilo lhe acontecia no Rio, que seria na Bahia, para onde iria residir em
companhia da sua velha mãe?... Poderia, conseguiria viver? E sentia uma grande
nostalgia de Paris...”
Já
em Salvador, o jovem começa a frequentar um grupo de intelectuais e é aí que
começamos a fazer parte das suas rodas de conversa, cujos temas são os mais
diversos: política – o Brasil passava por várias transformações na época -, religião,
literatura, filosofia, ética, amor. Com um sentimento de que o país estava cada
vez mais incompreensível, os amigos reuniam-se e insistiam em procurar um
sentido para a vida e o caminho que os levaria à felicidade.
“Ambos não estavam
satisfeitos com a própria vida. Ambos sentiam a necessidade de algo que não
sabiam o que fosse, algo que lhes faltava. Eles chegaram à conclusão de que se
vive para qualquer coisa superior. Qual seria ela?”
Nessas
discussões, cada um compartilhava o que achava que seria esse tão desejado
caminho: Ricardo Braz dizia que a felicidade estava no amor, Jerônimo Soares
acreditava estar na religião, Paulo Rigger estava mais para o lado de Ricardo e
José Lopes ficava na dúvida. Enquanto isso, Pedro Ticiano, cético, dizia que se
deve viver por viver, não ficar à procura de coisa alguma.
Entre
diálogos bem elaborados e reflexivos, somos apresentados a algumas situações
pelas quais os brasileiros passavam na época e à eterna busca desse grupo pelas
respostas.
Minha opinião
O
País do Carnaval pode parecer um livro pesado e cansativo por tudo que falei da
história, mas senti que foi o contrário. Achei a leitura extremamente interessante,
os diálogos muito bem elaborados e com reflexões até profundas e, outras, bem
polêmicas. Eu tinha prazer em mergulhar na história. E de pensar que Jorge
Amado escreveu essa obra com 18 anos de idade!
O
livro foca mais na vida de Paulo Rigger e conhecemos, também, alguns de seus
romances. Ele não é o personagem mais amável do mundo, fica longe disso, mas
esse fato não me fez querer deixar o livro de lado, foi uma experiência bem
curiosa.
O
título se encaixa muito bem no contexto: é citado, muitas vezes, o papel que o
Carnaval tem de “pão e circo” no Brasil, e a frase “O País do Carnaval” é usada,
muitas vezes, como expressão.
“- País do Carnaval!
País do Carnaval! Eu se fosse presidente ou ditador, decretaria um Carnaval de
365 dias... Adorar-me-iam...”
Pra
variar, é mais um livro de Jorge que recomendo muito, apesar de não ser para
todos os gostos exatamente pela quantidade de diálogos e momentos reflexivos. E
sobre a edição: preciso mesmo comentar? Sou completamente apaixonada pela
coleção de livros do autor publicada pela Companhia das Letras, eles fizeram um
trabalho impecável, em todos os sentidos. Como de costume, o livro vem com alguns extras e comentários, incluindo alguns do próprio Jorge.
“-
Eu sei, Ticiano, que você achou a solução do problema. Por que você a guarda
tão avaramente? Por que não no-la ensina?
-
Eu tenho dito tantas vezes! A solução é não querer solucionar...”
“- Coitado! Talvez seja infeliz. Talvez seja
feliz. Que tente. Sempre é uma grande coisa poder tentar ser feliz. Eu nem isso
fiz, imbecil que fui...”
Ei! Não esquece que seu comentário é muito importante, viu? É uma forma de saber o que mais agrada - ou não - quem lê o blog, além de que adoro saber as opiniões de quem visita sobre o assunto falado.♥
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