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Resenha: O País do Carnaval #AmandoJorge

17:31 Isabela Libório 0


Primeiro, uma breve introdução: perdão pelo sumiço no blog. Tava num dilema, desanimada e agora me embolei toda com a faculdade e me atolei de trabalhos, foi por isso. Mas pretendo voltar aos poucos!

“Garotos passavam, apregoando os jornais da tarde: ‘ Noite, olha o Globo, Diário...’ ‘Diário, Noite, Globo.’ ‘O discurso do deputado Francis Ribeiro. A campanha presidencial. O Carnaval que vem aí... O Carnaval... Noite...’
Na rua a multidão acotovelava-se numa grande alegria. Entulhava as casas de negócios comprando fazendas e enfeites. Era o Carnaval que se aproximava.
Rigger disse:
- O Brasil é o país do carnaval.
José Augusto acrescentou:
- E dos grandes homens! E dos grandes homens...”

 Primeiríssimo post oficial do #AmandoJorge aqui no blog e espero que vocês estejam tão animados quanto eu! O País do Carnaval foi o primeiro livro escolhido exatamente por ter sido o primeiro de Jorge Amado, escrito aos seus 18 anos, cuja primeira edição foi publicada em 1931.

 Eu não sabia o que esperar dessa leitura, exatamente por não saber do que o livro se tratava, mas gostei muito da obra e foi mais um motivo para considerar Jorge um dos meus autores favoritos. Como ele disse: “Esse livro é um grito. Quase um pedido de socorro”.
A história

 Era 1931 e Paulo Rigger estava de volta ao Brasil, seu país de origem, depois de sete anos morando na Europa e estudando Direito. Ele foi recebido de volta com as multidões e efervescência do Carnaval, o que só colaborou com sua estranheza ao voltar ao seu país e não encontrar-se mais ali.


“Paulo Rigger andava na rua, ao léu. Sentia-se um estranho na sua pátria. Achava tudo diferente... Se aquilo lhe acontecia no Rio, que seria na Bahia, para onde iria residir em companhia da sua velha mãe?... Poderia, conseguiria viver? E sentia uma grande nostalgia de Paris...”

 Já em Salvador, o jovem começa a frequentar um grupo de intelectuais e é aí que começamos a fazer parte das suas rodas de conversa, cujos temas são os mais diversos: política – o Brasil passava por várias transformações na época -, religião, literatura, filosofia, ética, amor. Com um sentimento de que o país estava cada vez mais incompreensível, os amigos reuniam-se e insistiam em procurar um sentido para a vida e o caminho que os levaria à felicidade.

“Ambos não estavam satisfeitos com a própria vida. Ambos sentiam a necessidade de algo que não sabiam o que fosse, algo que lhes faltava. Eles chegaram à conclusão de que se vive para qualquer coisa superior. Qual seria ela?”


 Nessas discussões, cada um compartilhava o que achava que seria esse tão desejado caminho: Ricardo Braz dizia que a felicidade estava no amor, Jerônimo Soares acreditava estar na religião, Paulo Rigger estava mais para o lado de Ricardo e José Lopes ficava na dúvida. Enquanto isso, Pedro Ticiano, cético, dizia que se deve viver por viver, não ficar à procura de coisa alguma.

 Entre diálogos bem elaborados e reflexivos, somos apresentados a algumas situações pelas quais os brasileiros passavam na época e à eterna busca desse grupo pelas respostas. 
Minha opinião

 O País do Carnaval pode parecer um livro pesado e cansativo por tudo que falei da história, mas senti que foi o contrário. Achei a leitura extremamente interessante, os diálogos muito bem elaborados e com reflexões até profundas e, outras, bem polêmicas. Eu tinha prazer em mergulhar na história. E de pensar que Jorge Amado escreveu essa obra com 18 anos de idade!

 O livro foca mais na vida de Paulo Rigger e conhecemos, também, alguns de seus romances. Ele não é o personagem mais amável do mundo, fica longe disso, mas esse fato não me fez querer deixar o livro de lado, foi uma experiência bem curiosa.


 O título se encaixa muito bem no contexto: é citado, muitas vezes, o papel que o Carnaval tem de “pão e circo” no Brasil, e a frase “O País do Carnaval” é usada, muitas vezes, como expressão.

“- País do Carnaval! País do Carnaval! Eu se fosse presidente ou ditador, decretaria um Carnaval de 365 dias... Adorar-me-iam...”

 Pra variar, é mais um livro de Jorge que recomendo muito, apesar de não ser para todos os gostos exatamente pela quantidade de diálogos e momentos reflexivos. E sobre a edição: preciso mesmo comentar? Sou completamente apaixonada pela coleção de livros do autor publicada pela Companhia das Letras, eles fizeram um trabalho impecável, em todos os sentidos. Como de costume, o livro vem com alguns extras e comentários, incluindo alguns do próprio Jorge.


“- Eu sei, Ticiano, que você achou a solução do problema. Por que você a guarda tão avaramente? Por que não no-la ensina?
- Eu tenho dito tantas vezes! A solução é não querer solucionar...”


“- Coitado! Talvez seja infeliz. Talvez seja feliz. Que tente. Sempre é uma grande coisa poder tentar ser feliz. Eu nem isso fiz, imbecil que fui...”


Se você quer participar do projeto também, fique à vontade! Clique na imagem acima pra saber mais, incluindo o cronograma de leituras. Vamos adorar sua companhia. Só não esquece de usar #AmandoJorge pra ajudar a divulgar o projeto!

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